contexto

Balanço de carbono (CO₂): é a diferença entre emissões e remoções antropogênicas de gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera em um determinado intervalo de tempo. 

Remoções: remoções de dióxido de carbono (CDR, em inglês). Referem-se ao processo de remoção de CO₂ da atmosfera segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês).¹ Sendo o oposto das emissões, as práticas ou tecnologias que removem o CO₂ são frequentemente descritas como alcançando “emissões negativas”. Existem dois tipos principais de CDR: a partir da melhoria dos processos naturais existentes, que removem o carbono da atmosfera (por exemplo, aumentando sua absorção por árvores, solo ou outros “sumidouros de carbono”), ou a partir de processos químicos para, por exemplo, capturar CO₂ diretamente do ar ambiente e armazená-lo em outro lugar.²

O florestamento (plantio de novas árvores em áreas onde não havia florestas) e o reflorestamento (replantio de árvores em áreas onde havia florestas, mas foram convertidas) também são considerados formas de CDR, porque aumentam os sumidouros naturais de CO₂.³ 

O IPCC alertou, em seu relatório sobre a mitigação das mudanças climáticas,⁴ que manter o aumento da temperatura dentro do limite de 1,5 °C será impossível sem remoções de dióxido de carbono. As remoções podem compensar as emissões de GEE de setores que não podem descarbonizar completamente suas atividades ou que podem levar muito tempo para fazê-lo. 

Estoque de carbono: segundo o IPCC, é a quantidade de carbono mantida dentro de um reservatório em um tempo específico. Oceanos, solos e florestas são exemplos de estoques de carbono.

O estoque de carbono em um reservatório ou pool pode mudar conforme a diferença entre adições e perdas de carbono. Quando as perdas são maiores que as adições, o estoque de carbono torna-se menor e, assim, o reservatório atua como fonte emissora à atmosfera; quando as perdas são menores que as adições, o reservatório atua como um sumidouro.


Balanço (remoções e emissões), remoções e estoques de carbono na Suzano

O balanço de carbono da Suzano é calculado a partir da diferença entre as emissões de escopo 1, 2 e 3⁹ e o saldo entre emissões e remoções diretas do uso do solo (remoções líquidas por uso da terra). 

As remoções de carbono ocorrem quando há crescimento de biomassa florestal – por exemplo, quando se planta até mesmo uma única árvore em área de pastagem ou quando se aumenta uma área já plantada, de 500 hectares para 600 hectares. 

Desse modo, quando há um aumento no volume de biomassa em determinada área da Suzano, seu incremento equivalente em carbono é considerado como “remoção direta por mudança de uso do solo”. Por outro lado, quando há redução no volume de biomassa (como em períodos de colheita), a perda equivalente em carbono é considerada como “emissão direta por mudança de uso do solo”. 

O estoque de carbono da empresa é, então, o saldo entre todas as emissões e remoções diretas do uso do solo nas áreas florestais que ocorreram em determinado ano (ou uma “fotografia” anual de todo o carbono que está armazenado em seus reservatórios naturais). 

Sendo uma empresa que realiza o manejo florestal responsável, a Suzano conta com áreas de cultivo de eucalipto em que o processo de plantio, colheita e conservação da mata nativa estão em forma de mosaico. Desta forma, a companhia mantém um estoque de carbono constante, com as áreas destinadas à conservação estabilizadas ou em crescimento e removendo carbono da atmosfera, e as áreas de cultivo de eucalipto, em sua maior parte, com mudas em crescimento. O valor de remoção de CO₂ vinculado ao processo de restauração ambiental e das Áreas de Alto Valor de Conservação (AAVCs) está incluso nos valores de remoção das áreas de vegetação nativa. 

Em relação às áreas de florestas plantadas, como a Suzano conta com um ciclo de cultivo de aproximadamente sete anos, apenas um sétimo das áreas de floresta plantada está sob constante colheita. Os outros seis sétimos das áreas de floresta plantada estão, em diferentes intensidades, estocando carbono ao longo do tempo e garantindo a permanência desse estoque no campo.


Metodologia de cálculo

O método atualmente utilizado para estimar a remoção de carbono nos cultivos de eucalipto está em linha com metodologias internacionais, com base nas orientações do IPCC. O cálculo das remoções de carbono foi realizado de acordo com o “método de mudança de estoque”, conforme as Diretrizes do IPCC para Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa (volume 4, capítulo 4).⁵

Para o cálculo de remoções, são utilizados dados de Inventário Cadastral de plantios a partir de 2 anos de idade. Deste modo, as remoções de carbono de 2023 refletem o incremento de biomassa de plantios que ocorreram até 2021 e a perda de biomassa de colheitas que ocorreram em 2023. Plantios que ocorreram em 2022 e 2023 terão suas remoções contabilizadas no Inventário de Estoque e Remoções de Carbono somente a partir de 2024 e 2025, respectivamente.

Assim, as remoções de GEE pelas florestas plantadas são calculadas pelo método de mudança de estoque de acordo com as diretrizes do IPCC. Para calcular o estoque de carbono (que aumenta conforme há crescimento da vegetação e que reduz quando há colheita), a Suzano utiliza dados da sua base de cadastro florestal que incluem informações de áreas, em hectares, separadas por idade e clone, densidade e volume de biomassa de cada uma dessas idades. Com base nessas informações, são aplicados os fatores reconhecidos pelo IPCC de conversão (C para CO₂), fator de proporção de biomassa acima e abaixo do solo e fatores de expansão da biomassa (BEF), e, assim, calculam-se os estoques de carbono.

Para áreas destinadas a conservação e restauração, é utilizado o método gain-loss para calcular o volume de remoções de carbono, metodologia também recomendada pelas diretrizes do IPCC. Nesse cálculo são utilizados informações e dados do cadastro florestal da empresa combinados com fatores de estoque de carbono por fitofisionomia e bioma, e por estágio sucessional (nível de maturidade florestal).

Todos esses fatores vêm das referências bibliográficas mais consolidadas e reconhecidas do Brasil e do próprio IPCC.


GHG Protocol Land Sector and Removals Guidance e SBTi FLAG

O GHG Protocol é uma iniciativa do World Resources Institute (WRI) e do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) que estabelece padrões e orientações para medir e gerenciar as emissões de GEE de operações dos setores público e privado, cadeias de valor e ações de mitigação.

Desde 2020, o GHG Protocol tem desenvolvido o Land Sector and Removals Guidance⁶ para auxiliar empresas a contabilizar e relatar as suas emissões e remoções de GEE em relação ao manejo da terra, mudança no uso da terra, produtos biogênicos, tecnologias de remoção de dióxido de carbono e atividades relacionadas em inventários de GEE, com base no Padrão Corporativo e Padrão para Escopo 3.

A partir de sua vasta experiência em inventários florestais e inventários de emissões e remoções de carbono, a Suzano tem colaborado para o desenvolvimento desse novo Guidance como membro do Comitê Consultivo (Advisory Committee) e por meio de discussões técnicas setoriais e participação em consultas públicas promovidas pelo GHG Protocol.

Em 2023, a empresa participou da fase de teste piloto do Guidance e enviou suas contribuições sobre as orientações e os métodos de cálculo propostos pela metodologia. Para isso, realizou uma avaliação utilizando dados próprios, envolvendo especialistas de diversas áreas da companhia. Desde então, o Guidance segue em revisão pelo Comitê Consultivo e pelo Grupo de Trabalho Técnico, e é esperado que a sua versão final seja publicada no fim de 2024. Após a publicação da versão final do Guidance, a Suzano irá avaliar seus procedimentos internos para o inventário de emissões e remoções de carbono ante as novas orientações do GHG Protocol e irá atualizá-los caso necessário.

O Guidance também é de grande importância para a companhia porque sua metodologia é utilizada pela Science Based Target Initiative (SBTi) no seu próprio guia Forest, Land Use and Agriculture (FLAG)⁷ para que empresas de setores intensivos em uso da terra definam metas baseadas na ciência que incluam redução de emissões florestais e associadas à mudança no uso da terra (LULUCF, do inglês land use, land-use change, and forestry) e a remoções de carbono.

Em 2023, a SBTi anunciou⁸ que empresas dos setores agrícola e florestal que desejassem submeter novas metas ou atualizar metas já submetidas de redução de emissões fósseis deveriam também submeter uma meta de redução de emissões LULUCF e remoções de acordo com o Guia FLAG e a versão piloto do GHG Protocol Land Sector and Removals Guidance. Seguindo o seu compromisso assumido em 2021 com as iniciativas Business Ambition for 1.5°C e SBTi, a Suzano submeteu para validação suas metas de redução de emissões e remoção de CO₂ alinhadas às metodologias e diretrizes estipuladas pela SBTi, anexando ao processo uma série de documentos para subsidiar a análise do SBTi e demonstrar pontos de inconsistência dos cálculos na ferramenta FLAG para setores de produtos florestais e papel. Em dezembro de 2023, a SBTi anunciou que essa metodologia FLAG foi temporariamente suspensa especificamente para os setores de produtos florestais e papel. 

Assim sendo, a Suzano seguirá em 2024 no processo de revisão e aprovação de seus compromissos de mitigação com a SBTi e se manterá disponível e ativa para os processos de finalização do GHG Protocol Land Sector and Removals Guidance e para participar de revisões e aprimoramentos da metodologia FLAG com a SBTi.


Nas tabelas abaixo estão disponíveis as seguintes informações:

  • Balanço de carbono (remoções e emissões);
  • Remoções de carbono;
  • Estoques de carbono.


Notas:

  1. Referência disponível aqui;
  2. Referência disponível aqui;
  3. Referência disponível aqui;
  4. Referência disponível aqui;
  5. Referência disponível aqui;
  6. Referência disponível aqui;
  7. Referência disponível aqui;
  8. Referência disponível aqui. 
  9. Categorias de Escopo 3 mensuradas: Bens e serviços comprados (escopo parcial referente ao transporte de insumos); 2. Transporte e distribuição upstream; 3. Transporte e distribuição downstream; 4.  Deslocamento de funcionários(as); 5. Resíduos; e 6. Viagens aéreas e negócios

Balanço de carbono (remoções e emissões)¹

2020202120222023
tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e

Emissões de escopo 1

2.155.102,69

2.328.335,53

2.378.304,09

2.421.049,08

Emissões de escopo 2

59.531,90

137.822,64

49.216,75

49.237,12

Emissões de escopo 3

1.568.893,44

1.842.093,64

1.737.960,57

1.643.791,84

Total de emissões

3.783.528,03

4.308.251,81

4.165.481,41

4.114.078,04

Balanço entre emissões e remoções de uso do solo

-18.983.839,64

-13.204.509,36

-2.080.751,67

-9.238.526,38

Balanço total (emissões – remoções)

-15.200.311,61

-8.896.257,55

2.084.729,74

-5.124.448,34

  1. O indicador considera as emissões da Suzano. Para mais detalhes, acesse os indicadores: “Emissões diretas de gases de efeito estufa (escopo 1), por categoria e tipo” e “Outras emissões indiretas de gases de efeito estufa (escopo 3), por categoria”.

Remoções de carbono

2020202120222023
Suzano – florestas plantadasSuzano – vegetação nativaSuzano – totalSuzano – florestas plantadasSuzano – vegetação nativaSuzano – totalSuzano S.A. – florestas plantadasSuzano S.A. – vegetação nativaSuzano S.A. – totalSuzano S.A. – florestas plantadasSuzano S.A. – vegetação nativaSuzano S.A. – total
tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e

Emissões biogênicas por uso da terra

33.063.426,44

n/a

33.063.426,44

35.504.588,97

n/a

35.504.588,97

44.887.590,43

n/a

44.887.590,43

44.246.396,10

n/a

44.246.396,10

Remoções biogênicas por uso da terra

-48.231.510,96

-3.815.755,12

-52.047.266,08

-44.824.539,53

-3.884.558,80

-48.709.098,33

-43.067.325,76

-3.901.016,34

-46.968.342,10

-49.441.544,13

-4.043.378,36

-53.484.922,48

Balanço entre emissões e remoções de uso da terra

-15.205.266,10

-3.815.755,12

-18.983.839,64

-9.319.950,57

-3.884.558,80

-13.204.509,37

1.820.264,67

-3.901.016,34

-2.080.751,67

-5.195.148,03

-4.043.378,36

-9.238.526,38

Estoques de carbono¹

2020202120222023
tCO₂e tCO₂e tCO₂e tCO₂e

Suzano S.A. – florestas plantadas

164.799.325,93

170.785.672,50

160.351.112,79

164.037.657,51

Suzano S.A. – vegetação nativa

150.992.295,12

165.973.008,90

158.149.838,43

171.492.435,98

Suzano S.A. – total

315.791.621,05

336.758.681,41

318.502.973,22

335.530.093,49

  1. O indicador considera as emissões da Suzano. Para mais detalhes, acesse os indicadores: “Emissões diretas de gases de efeito estufa (escopo 1), por categoria e tipo” e “Outras emissões indiretas de gases de efeito estufa (escopo 3), por categoria”.

Informações complementares

Balanço de carbono

O balanço de carbono considera as emissões e as remoções nas operações da Suzano. O detalhamento de emissões de gases de efeito estufa pode ser conferido no indicador “Emissões de gases de efeito estufa (GEE) e metodologia”. Em 2023, mantendo a tendência da série histórica, a empresa teve um balanço de carbono negativo, o que significa que nossas operações florestais removeram mais carbono da atmosfera do que é emitido ao longo de toda a cadeia operacional da companhia e contribui, positivamente, para diminuir os efeitos globais das mudanças climáticas.


Remoções de carbono

Em 2023, tivemos um total de remoções (biogênicas antropogênicas) de 53 milhões de toneladas de CO₂ da atmosfera e um total de emissões (biogênicas antropogênicas) de 44 milhões de toneladas de CO₂, resultando em um saldo de 9 milhões de toneladas de CO₂ removidas da atmosfera em 2023.

No balanço são considerados plantios (com idade igual ou maior que 2 anos), crescimento das florestas, colheita e gestão de base florestal do ano corrente. O resultado de remoções da Suzano dá-se pela entrada de bases plantadas nos últimos anos, além da manutenção das florestas atuais, alinhadas com o movimento de ampliação da base florestal que proporcionará à companhia maior resiliência e oferta de madeira no longo prazo, em convergência com sua estratégia de negócio.


Estoque de carbono

Tivemos, em 2023, aumento do estoque de carbono das áreas elegíveis na metodologia de cálculo. Com um movimento de ampliação da base florestal alinhado com o crescimento dos nossas florestas, o estoque garante uma reserva permanente de carbono nas áreas da Suzano.

Já as vegetações nativas tiveram um incremento de área em 2023 e maior estoque de carbono em relação ao ano anterior. Esse crescimento é natural e contínuo nas áreas de preservação e alinhado com constantes refinamentos/melhorias no processo de classificação de áreas nativas com atualizações mais granulares de fitofisionomias em subclasses segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2023, tanto as emissões quanto as remoções foram verificadas por terceira parte.

A Suzano seguirá com suas expansões de base florestal em linha com sua estratégia de posicionamento no mercado de celulose e bioprodutos, bem como com seu programa de conservação e restauração ecológica, os quais resultarão em acréscimo de remoções ao longo dos anos, contribuindo para o caminho de atingimento do Compromisso para Renovar a Vida dessa área.