contexto

O que é a TCFD? 

A Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) fornece um conjunto de recomendações voluntárias para reporte de riscos e oportunidades relacionados às mudanças climáticas. A força-tarefa, criada pelo Financial Stability Board (FSB), junto com representantes de diferentes setores econômicos, públicos e privados, publicou suas diretrizes em 2017, estruturadas em quatro dimensões de reporte: governança; estratégia; gestão de riscos; e métricas e metas. 

Em outubro de 2023, a força-tarefa publicou o seu último relatório de status, anunciando o cumprimento do seu propósito e sua evolução representada pelas normas de clima e sustentabilidade do International Sustainability Standards Board (ISSB) – normas estas baseadas nas recomendações da TCFD.

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Trajetória da Suzano

Desde 2019, a Suzano passou a revisar as suas práticas e hoje integra a TCFD no desenvolvimento de sua estratégia e gestão de riscos e oportunidades climáticos, adotando as suas recomendações como referência para reportar potenciais impactos financeiros relacionados ao clima.

Esse esforço envolveu o mapeamento e a formalização de processos de gestão de riscos e oportunidades climáticas em diversas áreas. A empresa passou a fazer avaliações anuais da adesão às recomendações da TCFD, com base nos critérios definidos pelo TCFD Maturity Map, da Accounting for Sustainability, e vem constantemente aprimorando e ampliando a sua adesão ao framework

Em 2022, a Suzano contratou uma assessoria externa especializada com o objetivo de ampliar a capacidade interna de análise e gestão de riscos e oportunidades físicos e de transição da companhia, em diferentes cenários climáticos e horizontes de tempo. Esse estudo, que seguiu sendo realizado em 2023, forneceu um panorama com os possíveis riscos físicos e de transição para as operações florestais, industriais e de logística com sua magnitude de impacto, além de um exercício preliminar de quantificação financeira do impacto desses riscos, o qual a Suzano buscará aprimorar nos próximos anos.

Durante 2023, também foi desenvolvida uma análise do estado atual da governança do tema de mudanças climáticas e recomendações, visando ao atingimento das diretrizes dos principais padrões de reporte para que a empresa implemente.

A política integrada de gestão de riscos da Suzano combina impacto e probabilidade e indica quais riscos são considerados substanciais, tanto para assuntos estratégicos quanto financeiros. Com base nos resultados da assessoria, a empresa desenvolverá planos de ação sobre riscos climáticos com foco na identificação e mitigação dos impactos das alterações climáticas. Esses planos de ação serão monitorados e medidos através de análises críticas, e a situação será reportada anualmente à Diretoria Executiva, ao Comitê de Auditoria Estatutário (CAE) e ao Conselho de Administração (CA). 

Acompanhando a evolução desse tema, a Suzano se compromete a adotar as normas S1 e S2 do ISSB em substituição às recomendações da TCFD. No ano de 2023, conduzimos uma análise para verificar o cumprimento dos requisitos das novas normas, comparando-os com a conformidade às métricas da TCFD previamente realizada. Assim, delineamos para 2024 um percurso claro para implementar os requisitos estabelecidos pelas normas do ISSB, considerando a interpretação e adaptação ao cenário da empresa. 


Governança

O Conselho de Administração é responsável por supervisionar a estratégia de sustentabilidade, incluindo riscos e oportunidades de mudanças climáticas, apoiado pelo Comitê de Sustentabilidade, órgão colegiado de assessoramento e instrução, responsável por definir a estratégia de gestão em mudanças climáticas, analisar e acompanhar três vezes ao ano a implementação dos objetivos, indicadores e metas definidos.

Devido à crescente importância desse tema na Suzano, parte da remuneração variável de consultores(as) até a Diretoria Executiva da companhia é atrelada a metas de sustentabilidade e clima. Em 2023, foram assumidas aproximadamente 40 metas correlacionadas ao tema de clima por diversas áreas, como Pesquisa e Desenvolvimento, Logística, Engenharia, Digital, Jurídico, Suprimentos, Relações Corporativas e Mudanças Climáticas. 

No âmbito administrativo, a Suzano faz a gestão do tema através de iniciativas em diferentes gerências, como Operações Florestais, Industriais e Logísticas, Novos Negócios, Pesquisa e Desenvolvimento, Planejamento Estratégico, Recuperação e Utilidades, e Gestão de Riscos. Além dessas, a companhia possui uma gerência exclusiva de Mudanças Climáticas, pertencente à Diretoria de Sustentabilidade. Seu objetivo é garantir que as iniciativas estejam em linha com a jornada da companhia rumo a uma economia de baixo carbono, articulando com os públicos interno e externo o cenário global de tendências e regulações climáticas. Todas as frentes e iniciativas estão descritas no indicador “Mudanças climáticas na Suzano”.

Além disso, em 2023 atualizamos a Política Corporativa de Mudanças Climáticas para orientar nossos(as) colaboradores(as) sobre os valores do negócio e alinhar comportamentos em direção a um objetivo comum. Os princípios de mudanças climáticas descritos na Política visam garantir ações de mitigação para reduzir e remover gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera e maximizar os impactos positivos da empresa, além de desenvolver ações de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas. O objetivo da Política é confirmar o compromisso da Suzano no combate às mudanças climáticas, rumo à transição para uma economia de baixo carbono, e contribuir para um futuro resiliente para a sociedade. A divulgação e a atualização da Política foram comunicadas a todos(as) os (as) colaboradores(as), em português e inglês, e aprovadas pela Diretoria Executiva. 


Estratégia 

É nítido que os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos. O futuro depende da nossa capacidade de inovar e da responsabilidade em otimizar o uso dos recursos disponíveis. Esse cenário representa oportunidades para a Suzano e, com base nele, definimos a nossa visão estratégica de longo prazo:

  • Continuar a ser referência no setor em eficiência, rentabilidade e sustentabilidade da floresta ao (à) cliente; 
  • Ser agente transformador na expansão em novos mercados para a biomassa; 
  • Ser referência em soluções sustentáveis e inovadoras para a bioeconomia e serviços ambientais, a partir da árvore plantada. 

Na Suzano, inovação e sustentabilidade andam de mãos dadas para transformar a matéria-prima renovável proveniente de árvores em bioprodutos ​​para bilhões de consumidores(as) em mais de 100 países. Com mais de 90 anos de experiência, atuamos principalmente nos segmentos de celulose (papéis grade e fluff) e papéis (papel-cartão, imprimir e escrever e tissue). Além disso, a estratégia de bioeconomia da empresa está totalmente alinhada às tendências e demandas mundiais por soluções renováveis para uma economia de baixo carbono nas seguintes áreas prioritárias: 

  • Lignina;
  • Biopetróleo;
  • Nanocelulose;
  • Biocompósitos.

Essas áreas representam oportunidades de substituição de produtos de base fóssil, que possuem maior consumo de energia e água. 

Em nossa ambição de expandir com ousadia para novos segmentos (horizonte de tempo de cinco a dez anos), parcerias para substituir o plástico de uso único e a parceria com a startup finlandesa Spinnova para a produção de fibra têxtil a partir de celulose microfibrilada (MFC), obtida de eucalipto plantado no Brasil, são exemplos relevantes de oportunidades para a Suzano.

Com uma das maiores áreas florestais do mundo, a empresa entende seu papel no combate às mudanças climáticas. Juntas, florestas nativas e plantações de eucalipto contribuem diretamente para a remoção e o armazenamento de carbono (CO₂) da atmosfera. Por isso, a Suzano está comprometida em fazer mais do que neutralizar as emissões diretas e indiretas de nossa cadeia de valor. Nosso objetivo é remover quantidades adicionais significativas de carbono da atmosfera, mitigando, assim, os efeitos da crise climática global.  


Gestão de riscos e oportunidades

A Suzano possui uma estrutura dedicada à gestão de riscos corporativos, incluindo os riscos relacionados às mudanças climáticas, tidos como alguns dos riscos prioritários para a companhia em nível corporativo. Com metodologias, ferramentas e processos próprios que visam garantir a identificação, a avaliação e o tratamento dos seus principais riscos de curto, médio e longo prazos, a sistemática de gestão permite o monitoramento contínuo dos riscos e de seus eventuais impactos, o controle das variáveis envolvidas e a definição e implementação de medidas mitigatórias, que visam reduzir as exposições identificadas. A avaliação da empresa sobre os potenciais impactos físicos das mudanças climáticas, bem como sobre os decorrentes da transição para uma economia de baixo carbono, é efetuada de forma contínua e seguirá evoluindo.

Incorporamos os riscos relacionados ao clima em todo o processo de Enterprise Risk Management (ERM). Como parte do processo de monitoramento contínuo dos riscos climáticos, desenvolvemos planos de ação com foco na mitigação dos impactos de curto, médio e longo prazos das mudanças climáticas, sendo as ações críticas reportadas periodicamente à Diretoria Executiva, ao CAE e ao CA.

O processo de gestão de riscos também inclui abordagens específicas no nível operacional. Um exemplo é a modelagem de cenários de mudanças climáticas e monitoramento de indicadores pela equipe técnica de Pesquisa e Desenvolvimento. Esses dados são usados ​​para calibrar os modelos de planejamento de colheita e plantio e para revisar a avaliação dos riscos climáticos correlatos para definir novos planos de ação específicos, quando necessário.

As decisões relacionadas à tratativa dos riscos (mitigar, transferir, aceitar ou evitar) são feitas pelas comissões de riscos estabelecidas em nossas unidades industriais, áreas de negócios e escritórios internacionais, após a sua identificação e avaliação conforme seus respectivos impactos e probabilidades.

Caso o risco possua um nível alto ou crítico, os mesmos são reportados ao comitê executivo da companhia, para maiores informações sobre o funcionamento das comissões de riscos e governança de reporte dos principais riscos à alta administração, acesse o indicador Gestão de Riscos para saber mais.


Análise de cenários climáticos

Riscos físicos: podem impactar o planejamento de abastecimento de madeira, operações de silvicultura e direcionamentos estratégicos de projetos de inovação. Realizamos o mapeamento desses riscos considerando quatro cenários de aquecimento global do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o IPCC (SSP1-2,6, SSP2-4,5, SSP3-7,0 e SSP5-8,5), e quatro períodos futuros (2021-2040, 2041-2060, 2061-2080 e 2081-2100), baseados em nove modelos climáticos globais, incluindo avaliação multimodelos (ensemble).

A análise do risco climático é realizada por meio de modelos estatísticos. Na produtividade florestal, utilizamos um modelo ecofisiológico baseado em processo 3-PG (Physiological Processes Predicting Growth), uma ferramenta reconhecida cientificamente calibrada para nossas condições ambientais. Por meio dessa modelagem, são realizadas estimativas de impactos considerando os cenários de mudanças climáticas e análises decorrentes dos eventos de El Niño e La Niña nos últimos 102 anos. 

A determinação desses potenciais impactos é essencial para o negócio e vem sendo realizada há anos. Em 2006, por exemplo, mensuramos o aumento de CO₂ na maioria dos genótipos plantados, por meio de diversas variáveis ​​fisiológicas nas árvores. Em 2009, a Suzano atualizou a sua base de dados por meio de três modelos globais (HAD, CSIRO e PCM), baseados nos cenários do IPCC (A1, B1, A2 e B2). O estudo foi revisitado em 2015, quando os (as) pesquisadores(as) avaliaram e identificaram riscos em ambos os cenários (RCP 2.6 e RCP 8.5).

Investimos em iniciativas para gerenciar ou se adaptar aos riscos físicos das mudanças climáticas, tais como pesquisa e desenvolvimento, com o objetivo de implementar inovações ao longo da cadeia de valor. Os projetos em curso buscam ampliar a resiliência de clones florestais às adversidades climáticas, bem como a tolerância a pragas e doenças, e desenvolver ferramentas para o diagnóstico precoce desses impactos. Realizamos análises cada vez mais sofisticadas com o uso de inteligência artificial, big data & analytics, para alcançar um manejo ainda mais sustentável de florestas no contexto de mudanças climáticas.

Indicadores climáticos são utilizados para calibrar modelos de planejamento de colheita e plantio, a fim de mitigar possíveis perdas de produtividade, otimizar a produtividade florestal e auxiliar em investimentos e outras decisões estratégicas. A Suzano conta, por exemplo, com a maior base genética privada de eucalipto do mundo e uma extensa base de monitoramento climático para mitigar e monitorar efeitos do clima. 

A partir das análises de risco físico, considera-se que os ativos da empresa – os ativos biológicos, que são mensurados ao valor justo, os ativos imobilizados e intangíveis – podem ser impactados por mudanças climáticas. Por isso, a administração considerou os principais dados e premissas de riscos destacados a seguir. 

Eventuais impactos na determinação do valor justo nos ativos biológicos em virtude de efeitos de mudanças climáticas, como elevação de temperatura e escassez de recursos hídricos, podem impactar em algumas premissas utilizadas em estimativas contábeis relacionadas com os ativos biológicos da companhia, conforme abaixo:

  • Perdas de ativos biológicos, devido a incêndios e a impactos oriundos de maior presença e resistência de pragas e outras doenças florestais favorecidas pelo aumento gradual de temperatura;
  • Redução de produtividade e de crescimento esperado (IMA), devido à diminuição de disponibilidade de recursos hídricos em bacias e a outros eventos climáticos atípicos, como estiagens, geadas e chuvas torrenciais;
  • Interrupção na cadeia produtiva por eventos climáticos adversos;
  • Escassez de recursos hídricos na indústria: embora as nossas unidades sejam eficientes no uso da água, há planos de contingência para todas as unidades afetadas por eventual escassez hídrica e planos de ação para enfrentamento da crise hídrica nas regiões críticas.

Riscos de transição: a Suzano avalia continuamente possíveis riscos de transição climática que possam impactar suas operações, como riscos regulatórios, legais, tecnológicos, de mercado e reputacionais. 

Os riscos regulatórios são relacionados às potenciais políticas de mitigação e adaptação assumidas por um governo que podem incorrer em custos ou oportunidades para as empresas. Entre os temas mapeados pela Suzano estão a precificação de carbono, a taxação de carbono aduaneiro, barreiras e/ou restrições comerciais relacionadas à suposta contribuição, mesmo que indireta, para intensificação das mudanças climáticas, que aumentem o risco de litígio.

A empresa tem acompanhado de perto as discussões a respeito da regulação do mercado de carbono, bem como as consultas públicas de novos esquemas internacionais, como o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), parte do Europe Union Green Deal

Na área financeira, a companhia entende que um possível mercado regulado poderia gerar custos ou oportunidades, dependendo dos cenários de regulação, e, assim, passou a incorporar, no ano de 2023, uma variável de precificação interna de carbono para medir e verificar o impacto dos projetos nas emissões. Assim, a partir dessa análise, são gerados indicadores financeiros com e sem o preço-sombra de carbono, para que o impacto em emissões seja considerado nos processos de aprovação de novos investimentos, entre os demais critérios financeiros para a priorização de seus investimentos em Capex de modernização e expansão.

Na prática, o preço interno de carbono passa a ser incorporado no valor presente líquido (VPL) dos projetos, com um cenário de viabilidade e um preço-sombra inicial de US$ 10/t. Com isso, projetos que reduzem emissões de GEE e ajudam a descarbonizar nossas operações terão um melhor resultado financeiro e um diferencial para a tomada de decisão de alocação de capital. 

Usamos diferentes fontes de dados em nossa modelagem de cenários de preços para estabelecer preços internos de carbono para diferentes áreas, que, por sua vez, têm diferentes contextos, como industrial (escopos 1 e 2), logística rodoviária e marítima (escopo 3¹) e plantio de florestas (remoções de escopo 1). A modelagem considera como referência os preços dos impostos de carbono cobrados na América Latina, os preços atuais dos mercados internacionais de carbono regulamentados e voluntários, bem como as projeções de preços para as próximas décadas estimadas por diferentes instituições, como a Partnership for Market Readiness (PMR Brasil), do Banco Mundial, a Agência Internacional de Energia (IEA) e a Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), do Reino Unido. 

Outro risco legal mapeado tem relação com o cumprimento de cláusulas contratuais em títulos de dívida e empréstimos sustentáveis [Sustainability Linked Bonds (SLB) e Sustainability Linked Loans (SLL)] assumidos pela Suzano, relacionadas à intensidade de nossas emissões de gases de efeito estufa, à intensidade da captura de água para utilização em processos industriais e ao percentual de mulheres em cargos de liderança. O não atingimento dessas metas pode gerar incremento futuro no custo das referidas dívidas, conforme previsto nos respectivos contratos.

Outra frente importante em que a Suzano atua para mitigar os riscos de transição regulatórios (explicados acima) e de mercado (decorrentes da escassez de oferta de recursos afetados pela mudança do clima) é o constante investimento em esforços para o monitoramento e a redução de suas emissões. Apesar de termos um dos melhores desempenhos do setor em relação à intensidade das nossas emissões de escopos 1 e 2 por produto fabricado e um dos melhores desempenhos projetados para 2030, entendemos que a competitividade no mercado global também dependerá de maiores ambições e esforços para reduzir as emissões absolutas de GEE. Por isso, em 2023 a Suzano submeteu suas metas para validação da Science-Based Target Initiative (SBTi), alinhadas às metodologias e diretrizes estipuladas pela iniciativa. Como as metas submetidas estão em estágio de validação, seu detalhamento técnico ainda não será divulgado.

Além disso, temos avaliado nossas projeções de emissões de GEE até 2050, considerando as premissas de crescimento da empresa, os diferentes cenários de descarbonização e por meio de diferentes ferramentas: 

  • 1,5 °C, desenvolvido pela SBTi usando o Relatório Especial do IPCC sobre o aquecimento global de 1,5 °C;
  • Ferramenta Transition Pathway Initiative (TPI), que utiliza os cenários 2DS e B2DS desenvolvidos pela IEA; 
  • Metodologia da iniciativa Assessing Low Carbon Transition (ACT), que utiliza os cenários B2DS e NZE 2050 da IEA. 

Nessa última, avaliamos não apenas a intensidade carbônica de toda a nossa operação e a trajetória das emissões por tipo de produto produzido, mas também a geração de calor, vapor e eletricidade por meio de tecnologias alinhadas ao baixo carbono em nossas indústrias, bem como nossos investimentos materiais e intangíveis em ações de mitigação, tecnologias e produtos de baixo carbono nos próximos anos. 


Oportunidades

Devido ao grande volume de remoção de CO₂ por eucalipto e floresta nativa e pela origem renovável da matéria-prima da Suzano, a companhia vislumbra oportunidades de novos negócios relacionados à mitigação das mudanças climáticas.

Sua base florestal representa um potencial fornecimento de créditos de carbono para serem comercializados para empresas e instituições que desejam compensar suas emissões e cumprir suas metas climáticas. As equipes de Carbon Business e Corporate Venture e Novos Negócios são responsáveis pelo desenvolvimento dessas oportunidades internamente. Atualmente, a Suzano atua no mercado voluntário de carbono e, em 2023, disponibilizou 1,7 milhão de unidades de carbono verificadas (VCUs) para venda. Para saber mais, acesse o indicador “Mercado de carbono”.

Um destaque do ano foram as duas parcerias de neutralização de produtos realizadas com a Suzano, viabilizadas pela venda de créditos: a de neutralização de 50 mil exemplares de três diferentes títulos impressos com a marca de papel Pólen® da Suzano e a de neutralização de 102 toneladas de dióxido de carbono (CO₂) geradas no processo de fabricação de 6 milhões de caixas de medicamentos, realizada com a gráfica Box Print e a farmacêutica Merck. 

Além disso, na área de Corporate Venture Capital, a Suzano Ventures realizou, em 2023, um investimento de até 1 milhão de dólares em uma startup de carbono de Israel que está desenvolvendo uma tecnologia digital para fazer geoprocessamento, isto é, trazer agilidade e transparência para todo o processo de análise de uso do solo, mensuração e gestão do sequestro de carbono e uso de recursos hídricos. A Marvin Blue viu na parceria com a Suzano uma oportunidade de expandir seus horizontes e, juntamente com nosso time, vem trabalhando no desenvolvimento de modelos inteligentes que fornecem informações sobre cenários climáticos e contribuem para a eficiência nas operações de manejo e gestão das mudanças climáticas.

Outra oportunidade identificada em nosso negócio é o reaproveitamento da biomassa e dos resíduos de madeira do processo produtivo para gerar uma parcela significativa de nossas necessidades energéticas. Aproximadamente 88,1% de toda a operação e matriz energética (que envolve floresta, indústria, logística etc.) é proveniente de combustíveis renováveis (como licor negro e biomassa), e os 11,9% restantes, de recursos não renováveis (como gás natural e óleo combustível).

Em energia elétrica, somos autossuficientes nas unidades de Aracruz (ES), Imperatriz (MA), Mucuri (BA) e Três Lagoas (MS), nas quais os excedentes de geração são enviados para a rede. Em 2023, 1.329.552 MWh (1.329 GWh) de energia elétrica renovável foram fornecidos à rede pública a partir dessas unidades. Esse excedente de energia comercializado pode ser objeto de certificação internacional de energia renovável, o chamado I-REC (Renewable Energy Certificate). Em 2023, as vendas de I-RECs totalizaram 498.894 reais.

Vinculada à estratégia da Suzano, a ampliação da oferta de produtos atuais e novos produtos com baixa intensidade carbônica, que podem substituir outros de origem fóssil, ocorre em um cenário de busca, por parte de nossos(as) clientes, de soluções para suas estratégias de descarbonização.


Métricas e metas

A Suzano divulga mais de 100 indicadores utilizados para avaliar riscos e oportunidades climáticas, incluindo as emissões e remoções de GEE nos escopos 1, 2 e 3¹, calculadas em linha com a metodologia do GHG Protocol. Parte dessas métricas também está incorporada a indicadores de performance operacional, com metas específicas a serem atingidas. 

Entre nossos 15 Compromissos para Renovar a Vida – nossas metas de longo prazo –, dois compõem a frente de combate às mudanças climáticas:

  • Remover 40 milhões de toneladas de CO₂ equivalente de 2020 a 2025;
  • Reduzir a intensidade das emissões de carbono (escopos 1 e 2) por tonelada de produto produzido (tCO₂e/t) em 15% até 2030.

Entretanto, outras metas colaboram na agenda climática, na medida em que podem contribuir para a substituição de produtos fósseis:

  • Ofertar 10 milhões de toneladas de produtos renováveis que possam substituir plásticos e derivados do petróleo até 2030;
  • Aumentar em 50% a exportação de energia renovável até 2030.

Desde sua adesão à SBTi, em 2021, a Suzano trabalha no estabelecimento de uma meta de redução de emissões de GEE alinhada ao cenário de 1,5 °C. Esse esforço deverá contemplar emissões diretas e da cadeia de valor (escopo 3¹). Em 2023, as propostas de meta foram encaminhadas para validação pela iniciativa, e espera-se obter sua aprovação ao longo do ano de 2024.

Vale mencionar que a meta atual (redução de 15% da intensidade de emissões) é aderente à ciência e em conformidade com o Acordo de Paris, segundo três metodologias: Transition Pathway Initiative (TPI), Baringa e Truecost

Em relação às métricas, o sistema de gestão ambiental da Suzano inclui uma série de métricas relacionadas a: emissão e captura de GEE, restauração florestal, captação e consumo de água, consumo e autogeração de energia, além de geração e destinação de resíduos.

Abaixo estão as métricas monitoradas, por tema. 


Biodiversidade 

  • Área de Alto Valor de Conservação (AAVC) em hábitat de espécies ameaçadas de extinção
  • Áreas próprias, arrendadas ou administradas dentro ou adjacentes a áreas protegidas e áreas de alto índice de biodiversidade fora de áreas protegidas
  • Compromisso com a Conservação da Biodiversidade
  • Compromisso com o Desmatamento Zero
  • Compromissos e parcerias
  • Gestão sobre biodiversidade nas operações florestais
  • Hábitats protegidos por bioma pela Suzano
  • Impactos significativos de atividades, produtos e serviços sobre a biodiversidade
  • Incêndios nas áreas da Suzano
  • Monitoramentos de fauna e flora
  • Projeto Nascentes do Mucuri
  • Programa de Restauração Ecológica


Água 

  • Descrição dos riscos de gestão da água e discussão de estratégias e práticas para mitigar esses riscos 
  • Gestão de água nas operações
  • Gestão de efluentes nas operações industriais


Emissão e captura de GEE 

  • Balanço (remoções e emissões), remoções e estoques de carbono
  • Emissões de GEE e metodologia
  • Emissões diretas de GEE (escopo 1), por categoria e tipo
  • Gestão sobre emissões de GEE nas operações florestais, industriais e logísticas
  • Intensidade de emissões de GEE
  • Outras emissões indiretas de GEE (escopo 3¹), por categoria


Energia 

  • Consumo de energia dentro e fora da organização
  • Gestão sobre energia
  • Grau de renovabilidade da matriz energética, porcentagem de eletricidade da rede, de biomassa e de outras energias renováveis e intensidade energética


Gestão de resíduos 

  • Gestão de resíduos


Crédito de carbono 

  • Mercado de carbono na Suzano 


Economia circular 

  • Avaliações do ciclo de vida
  • Fibra reciclada adquirida, utilizada ou recuperada, por unidade de negócio
  • Fibra reciclada adquirida, utilizada ou recuperada, por segmento de produto
  • Receita de produtos reutilizáveis, recicláveis e/ou biodegradáveis

 

NOTAS:

  1. Categorias de Escopo 3 mensuradas: Bens e serviços comprados (escopo parcial referente ao transporte de insumos); 2. Transporte e distribuição upstream; 3. Transporte e distribuição downstream; 4.  Deslocamento de funcionários(as); 5. Resíduos; e 6. Viagens aéreas e negócios.